Tenho andado sem muita vontade de escrever.Esta faltando alguma coisa que descobri hoje, ser a convivência direta com a natureza. Dentro de AP, vamos nos tornando um pouco máquina de repetição.
Tudo igual dia após dia. Quero sol direto nas flores, brilho da lua fazendo sombra nas árvores, um céu repleto de milhares ou bilhões de estrelas.
Olhar direto para a imensidão que nos cerca e nos faz pequenos, ou grandes no privilégio de estar em contato com a natureza. Sentir o vento no rosto, o cheiro das flores da Primavera. O ruido dos insetos noturnos. Os respingos da chuva na janela. Muitas e muitas flores num jardim de margaridas, rosas, palmas, azaléias e cravos, que se esparramam por vários pontos de um mesmo pátio. Nas laranjeiras, as orquídeas, amarelas, roxas e brancas.
O grito do Quero- Quero a distância. Caminhar pelos campos cobertos de minúsculas flores amarelas, como um tapete modesto, mas belo. Em certo ponto, elas se tornam roxas bem escuras. Assim é o campo no princípio da primavera.
Sair a procura de Pitangas e amoras. Assim era o sítio e pátio da minha avó. Era com ela que fazia estes passeios. Como fundo musical tínhamos um léque de diferentes pássaros cantando em todos os lugares por onde se passava.
A saudades disto tudo, é impossível de ser traduzida em palavras. Queria estes momentos de pura simplicidade de volta, mesmo sabendo que nunca mais voltarão. Aí bate a dor e o desconforto do conforto que hoje eu tenho.
Irene Silveira